sábado, 23 de janeiro de 2010

licença poética

escreve o
que quer
e ninguém
te enche
o saco.

poemaprosa

Silencio tímido,
diminuto.

Brincar com palavras
é brincar com ruídos.

Os que não fazemos,
os que pensamos,
grafamos.
Silêncios escritos.

Em silencio dizemos
com letras o que não
diríamos com barulhos,
conversas, discussões.

Dizemos a alguém
dizendo a nós mesmos
ao escrever. Calados.

A poesia não seria
ditada, nem sem querer;
nem a prosa seria.
Escrever: fazendo
em silencio nada
com palavras.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

saída de emergência (IV)

onde é o
fim?
o mundo
começa
quando?
acaba.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

poemapoema III

Põe vontade na idéia e

fermenta com palavra

alguma folha. Em papel,

parede, cresce o poema.


Massa de letrinha, não

leva ovo ou leite, nem

farinha, só letra e mão.

Inspiração tempo idéia.


Não assas nem cozinha;

tempera a coisa numa

vasilha fina e espera

olhando, fazer sentido.

Se não fizer, coma.

domingo, 17 de janeiro de 2010

amnéstico

Como se o dia anterior

tivesse sido um sonho,

a realidade me parecia

um negligente fruto da

imaginação.

Espécie de inconsciência,

amnésia, transe, e coma.

Repetição de sensação de

descontrole. O indivíduo:

solidão, medo e vazio.


A culpa. O sono. A dor,

. : . .!

O álcool ainda exala

no corpo, por dentro,

limpando levemente os

restos dos vermes que

a consciência não

me deixa lembrar, e

que ontem passearam

a noite toda comigo.


A memória da cor da sala

tão vaga, dando toda a

densidade que eu buscava

pro sonho. Estava certo de

que era eu que decifrava

cada gesto, que inventava

cada fala naquele lugar.

Achava mesmo que era eu

que sonhava o mundo pra

aquelas pessoas viverem.


Não era. Era uma noite.

Uma Casa. Uma festa.

Dia comum. E cada um

só podia viver a sua vida.

saida de emergência (III)

escape por
aqui antes
de outra
bebida.

diário

é um cancer
que se ingere
diariamente.
um cancer vazio
que se faz de
saliva engolida
e soluços.

sangue quente
que nasce nas
veias. um sonho
vazio que vaza
pras veias e faz
parar de pulsar.

é um cancer novo
um sonho que mata.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

cinemundolivre

O homem não

Vive só

De política.


Cinema

Mundo Livre.


O mundo não

vive sem

a política.


Cinema

Mundo Livre.


O cinema não

vive sem

a política,


Cinema

Mundo Livre.


O cinema não

vive só

de política


Cinema

Mundo Livre.


A Liberdade

A Política

O Homem

A Cultura


Um cinema

e um mundo,

Livres.

saída de emergência (II)

amnésia
alcoolica
local.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

saída de emergência

por onde
escapa a
idéia? não
sei, vazou.

tempo

Parafraseando
o Big ben:
"tic-tac"

centro do quarto

Cama no meio do quarto,

o que você sente?

Cama no canto do quarto,

do lado é parede

e o meio do quarto

fica vazio.


Cama no meio do quarto,

e o sono no centro

do meio do quarto.

E o sonho no meio

do canto do quarto

e o lado, parede.


Sonho no meio do quarto.

Sono terceiro no veio

do quarto.


Segundo não veio,

primeiro ou parto,

no canto é parede

no seio do quarto.


E o quinto não tem.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

sonho medo

Soldados atrás

do muro.

Eles espreitam.

Silencio fundo.

Ouço passos

lentos de quem avança

com a calma feroz

de metralhadoras.

Soldados que não

me alcançam.

Também no muro

os espreito:

silencio mudo,

de medo.

Era um sonho,

e já não é.

Sinto falta de uma

mulher.

Silencio escuro.

E um soldado a me

olhar fundo,

no olho. Com a raiva

dos cães presos

a noite. Latido e medo.

Vejo um homem que

atravessa uma ponte

às pressas,em fuga.

O vejo longe e

sou eu. Fujo,

com a sombra de

quem traz

às costas assovio

de metralhadoras.