domingo, 28 de abril de 2013

da cozinha

mulheres,
abandonem
os fogões,
se o tempo
é de fogo,
revoluções.

encena

memória é resistência
um ensaio geral
pra futuras cenas reais

pecinhas

peço pouco só:
pense peças
dispense trocos.

na lua

cabeça no céu
mãos no chão
incerto coração

sexta-feira, 26 de abril de 2013

caipora

dor sem solução,
gelo e açucar
cachaça e limão.

insolúvel

água e óleo
entre olhos
meio a meio

quinta-feira, 25 de abril de 2013

lunado


jornada de lua
vou pra cama
o povo pra rua

terça-feira, 23 de abril de 2013

dirigir

pra um roteiro,
só uma rota
e um timoneiro.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

nosso

nosso amor
tem quase
o tamanho
inteiro
do seu fio
de cabelo,
uma grafia
no tempo,
crescimento.

o velho e
o novo de
nossas células,
pão dividido
ao meio.

nosso amor
tem quase
uma camada
fina de poeira
que acumulou
na prateleira,
água quente
na chaleira.

tem o tamanho
do grito
do choro,
riso e soluço,
surpreendo-me.

e perco-me
nos sílios
mínimos que
se espalham
por você.

la vie

a vida tem
intervalos curtos
feita de contratempos e
nem percebemos que
a estranha música,
repicada, solta,
tem seu jeito
de fluir.
vai e vem
como o mar
na beira da areia,
chega e volta,
ininterruptamente,
mas sempre lá,
una, imensa,
viva.

voar

hoje é dia de pipa
o céu tá de brigadeiro
vento sobe seco
a frente fria chegando
ao entardecer tem
ventarada no crepúsculo

no vento

quantos outubros
ainda virão
pra ser possível
sentir no ar
cheiro de revolução

quarta-feira, 3 de abril de 2013

amnesonho

faz tempo não sonho
e todo dia ponho
um bocado de lenha
fogo de memória
incêndio pensamento
queimam sonhos
fumaça esquecimento