segunda-feira, 30 de agosto de 2010

sopro

rosa
arco
vento,
sopro
desalento.

sábado, 28 de agosto de 2010

poeijo

porque longe,
escrevo.
perto estivesse,
beijo.

leia

não cansa
de me ler
porque
escrevo
sem saber.

maquinal

a peça
me apressa
faz que eu
meça o que
sinto por
você.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

olhoaolho

à primeira vista
desista.
mas caso o olhar
persista
não resista.

filmar

tento
muito
pouco.
faço a
pouco
tempo.

(sus)penso

o sorriso dela me bateu
pele branca, olho ateu.
dizer o que penso?
deixar tudo suspenso?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

roer

roia
toda
unha.
parei.
achei
mão
toda
roída.
amei.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

cordas

cabelo
solta.
eu me
amarro.

olhares

cravo
flecha
e fogo.
queimo
meu
sufoco.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

meuperigo

branca toda.
olho vivo.
o sentido
do que olha
é todo meu
perigo.

domingo, 22 de agosto de 2010

cinemar

películas
decifram
imagens
durante
processo
nenhum.
Filmamos.

sábado, 21 de agosto de 2010

rosa

é rosa
quase
rubra
quando ri.
e o riso
me rouba
a cor
da pele.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

manhã

não é este
pouco sol
que fez o dia
mais quente.
é a saudade
fervendo
feito leite.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

cor

amar elo
sentir junto
amar ela
sentir só.

domingo, 15 de agosto de 2010

maré

mar
amar
remar
contra
mar é.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

desatar

desamarrado eu
querendo ancorar
num porto. cais.
suas cordas
te amarram toda.
eu tiro o nó de mim.
desamarrado vago
no oceano em mim.
palavras de dar nó
palavras de dar dó
desamarrado sopro,
a dó desato e fico
assim, só.

peçonha

o sentimento,
serpente,
ressente
por que
pressente
que alguém
parou de sentir.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

desversificado

falo em prosa
e não vejo a
hora que a poesia
se aposse de mim

ela

tantos amam
ela nem liga
diz que vive
vida bandida

terça-feira, 10 de agosto de 2010

cartadenãoentregar

fiz uma carta
pra não entregar.

Palavras sem norte;
Escrevi toda no sul,
em mim.

Sul do coração que
anda gelado; sul do
meu corpo calado,
quase como povo
assolado, que dorme
na lama e sorri.

Um poema curto,
uma carta falha,
um baralho mudo,
uma navalha cega,
um avião em queda,
uma alma à morte.
Carta feita inteira
toda pra ninguém.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

haicaiclassista

poesia de patrão
o povo grita sim
só ele que diz não.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

quandoé

amor
agente sabe
quando é.
chega
quieto fica
pulsando
pedindo olhar.
olha e
espreita o gesto.
pede
tenta calar.
Mas não cala.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

vago

Ando por ruas
tão cheias,
quase desertas.

Homens-folha,
homens-sanduíche,
pessoas-de-papel.

Mortos quase vivos
unhas-de- fome
guarda-chuvas.

Chove e não me
molha. Vago,
Simplesmente.

saudadedotempo

De repente a coisa ficou séria
e ficou óbvio que estava mesmo
indo embora. Olhei pra trás e vi
pasmo que todo aquele tempo
já tinha passado. Já, era agora.

Na cama, o lençol desmanchado.
A cadeira no quarto fora de lugar,
cheio de cantos que não tinham.
O lugar quieto me olha. Triste.

As pontes, as ruas, as linhas, olhos,
me olham duros. Quietos amigos e
balas que antes zuniam. Vãos vazios.
Estou com saudade de mim.
De alguém que eu era ontem.
De qualquer coisa que seria amanhã.

trememundo

Treme a terra na América do Sul.
Terremoto na América Central.
Uma terra de gente que treme.
Tremores de povos, de lutas.

Povos latino americano querem
Um tremor de abalar as estruturas
Do velho mundo.
Rasgar do fundo da terra, com suas
Raízes, toda a mentira do ‘novomundo’.
Somos tão velhos quanto a História,
O novo pulsa em nós e não nas palavras
Que o Velho Mundo nos ensinou.

Tremeremos o subsolo da história,
Toda a infrarealidade:
partiremos o chão da dominação.
Um terremoto no mundo,
Feito a mão.