quinta-feira, 19 de novembro de 2015

enchente

quando é que virá
uma avalanche
de dentro do mundo
a onda espessa
avassalando Vales
transbordando
as margens calmas
que teimavam
férteis na primavera
qual o volume
de lama que navega
na água turva
do mundo do lucro

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

solo de dentro

andamos certos de nossas existências
eretos e acoplados ao dia
as vestes
as horas
sem percebermos o gesto rude por trás
da habilidade
do caminhar
o equilíbio
não percebemos o estranhamento
dos corpos a cada interrupção
do silêncio longo da noite
duvidamos não sermos exato o que somos
o bicho por trás da cultura
além do sangue e da pele
além do grunhido gutural
além das casas, das classes,
além dos olhos onde repousa
o nascimento e a morte
tudo escrito nas palmas das mãos