sexta-feira, 20 de setembro de 2013

esse amor que nos consome

luta
  ocupação 
    artistica
dança
negritude
água
          chão

sangue
        iansã
rio
morro
trabalho
        grana
       ogum
ficção
       drama 
   poesia
     oralidade
     oxum
corporalidade 
dureza
    exu
  flexibilidade

documentário
       presente
eu queria dançar este filme
eu queria filmar esta dança
eu queria ocupar esta casa
eu queria ser preto

domingo, 15 de setembro de 2013

saudade

o passado se mostra
justo naquilo
que o presente oculta

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

vestido

todos os tecidos
torciam,
tomara que caia,
não caiam.

domingo, 8 de setembro de 2013

rotativo

andei tanto
e volto ao ponto
mais tonto que antes

passa

vem o setembro
e acaba esse inverno,
quebra meu gelo
que o frio tá doendo.

perene

eu morro,
a montanha
permanecerá.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

ao amigo

camará della
santa,
hoje escrevo
e penso
justo em você
porque
me preocupo
contudo
com os amigos
desimporta
o tamanho que
eles têm.

a vida dá volta,
envolve,
despreza tudo,
devolve
sofrimentos e
escudos,
regorgitando
o mundo
enquanto nos
prepara
em batalhas ou
cabanas.

o tempo retira
minutos,
coisas da gente,
adiciona
entorpecentes,
vazios e
uma luz ardente
que nos
queima mesmo
no frio ,
pele de serpente,
desvios.

quando olho-me
vagando
reteso o curso e
espelho
o obtuso ensejo:
persistir!
isso me parece
tão digno
quanto desistir.
resignado
vejo o percurso
como devir.

o universo as
vezes se
inverte noutro
inverso,
possibilitando
a gente
de sentir todo
o verso,
obrigando-nos
converter
verbo em sentir,
chão em teto.

sofrer sentindo é
melhor que
querer fingindo,
morrer só é
pior que crescer
tinindo pra
envelhecer indo
pro infinito,
sentindo na pele
o peso deste
mundo esquisito,
chão agreste.

saber que o lodo
começa
não quando acaba
a desgraça,
mas quando reluz
a carcaça e
o couro cheio de
graxa reflete,
nossa cara ilustra
a manchete,
milhões nas ruas
sem confetes.

não há o que dizer,
ficar ou ir,
vencer ou perder,
nessa vida,
talvez, tudo esteja
no ventre,
num centro escuro,
alpendres
que temos entre os
pulmões e
as costelas tão finas,
corações.