quarta-feira, 20 de maio de 2015

continua indo

o rio de janeiro são milhares
de poetas desconhecidos
vagando sozinhos por lugares
são moleques empilhados
e milhares de gavetas vazias
nos cemitérios aguardando
por moleques e poetas solitários
são centenas de otários
malandros práticos com fardas
fuziz e granadas
ajustando as gravatas de magnatas
o rio de janeiro são milhares
de favelas muito além das novelas
são as lutas do povo negro
engenhos de guerra, quilombos
são novecentos mil manos
contra um exercito extra-terrestre

arte irrelevante

não há relevância nenhuma
na arte que eu traço
não relevo críticas nem faço
gracejos com frases
a arte que eu caço é pretexto
geografia sensível
minha rima é o desprezo
é dispêndio de tempo
não tem valor de troca ou uso
é templo do desapego
tem poesia ruim, tela rasgada,
enquadre fora do prumo,
eixos de vesgos, cortes bruscos
conjugações erradas
vírgulas pontos entre parênteses
meus planos são obtusos
minha arte vai durar pra sempre