quinta-feira, 29 de agosto de 2013

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pontevírgulaparentesis
umsorriso
nãosescreveporextenso

contraditório

só penso em dizer,
vais me ganhar
por querer perder.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

suspenda

um incenso
acendo pra
não crescer
o suspense.

domingo, 25 de agosto de 2013

contra-gota

para além dos guarda-chuvas
tantas gotas respingaram
e estas caras se lavaram
escorriam os olhos cheios,
chovendo sobre a cidade
as pessoas choviam por dentro.

de tristeza se molhavam desde o
pé até os cabelos para além
dos guarda-chuvas há poças
que pisamos não sabendo se
de chuva ou de lágrimas que
rolaram para além de guardar chuva,

guardam sóis para secarmos gota
gota evaporando escorrendo
respirando umedecendo meu
sonho sorridente na cidade só
chovia e as pessoas que só
riram sob o guarda-sol riam secando.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

noite de terror

em tempos
de amarildos
negos ditos
iscas de polícia
só se salva
quem tem olho
mágico pra
ver além sem
abrir a porta.

negro cielo

repenso e desisto
vou garimpar
estrelas no infinito

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

vinteum

vinte centavos e
ônibus lotado.
quanto valemos
e quanto vale
nossos salários?

vinte séculos e
gente lutando.
quanto podemos
e quanto pode
uma vanguarda?

vinte soldados e
ruas lotadas.
quantos seremos
e quais serão
as nossas armas?

sessivo

acredite
a arte
é toda
obsessão

ariano

parece uma cabra
fofa mas é
o bode do diabo

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

frio pacas

cidade fria
o povo corre
porque suar
é um milagre

maleducado

sou louco maluco
chapado
me digam, pirar é
errado?

ser são neste
mundo 
não seria também
equivocado?

normal é situação
ser-louco
é o fato, em que fui
enquadrado?

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

páginasecas

na vida  crônica
o cronismo vivo
supera a secura
do  papel jornal

domingo, 11 de agosto de 2013

silencioso

somente a palavra
necessária.
a arbitrária, calar.

transição

o que fodeu
foi 
o feudalismo

ensaiando

quando
deixas
saem
queixas
debaixo
de suas
saias

invernos verão

quando
vierem
me ver

verão

do rigor
deste
inverno

rirão

o calor
veste
amarelo

dirão

sorvete
neve
derrete

na mão

quando
vieres
me ver

verão

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

pau oco

carregavam uma
velha morta
entoando canto,
levaram-na
e louvaram nua,
a santa suja
era prostituta,
deu a bunda
e boceta a puta,
e mijaram
no corpo dela,
cantavam
que era rainha,
não santa,
sim uma deusa,
morfética,
musa profética
do pau oco,
ninfa'poteótica
das massas
tão miseráveis,
de orações
incontroláveis,
crescera na
grande cidade,
de lavadeira
ou cozinheira
preferiu dar
o cú em boate,
vivendo aos
trancos amou,
envelheceu,
sorriu, chorou,
teve filhos,
algum morreu,
fez amigos,
o avô socorreu,
confiou na
vida, se fodeu,
contou dias
presa a calçada
sem ganhar
sequer moedas,
teve lucros
comemoráveis,
uma surra,
várias pedras,
propinas,
pavores, mazela,
e na hora
da morte acendia
uma vela,
fez promessas e
cumpriu
tantas que acabou
voltando
pra ela os favores
que cedeu,
cada um da forma
certa, que
agora velha-morta
os homens
a proclamam deusa
eclética, e
avisam que a data
é feriado,
profano ou sagrado,
da mulher,
seu sexo e calvário.

poemastro

hasteei uma poesia
bandeira vazia
contorce ao vento
rasando certeira
assoprando versos
trama vermelha
enquanto minh'alma
o poema hasteia.

domingo, 4 de agosto de 2013

luvas

as mãos
em preto
e branco
pareciam
formais e
perfeitas.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

desmemória

como um poeta que perde
o papel com o poema
mais lindo que escrevera
entre as páginas velhas
de um livro acomodado em
estantes de biblioteca,
eu lhe perdi grande amor,
quando guardei-lhe palavras.
submeti meu silêncio à
horas de solidão escrevendo
versos sem  destinação.
te coloquei entrelinhas e páginas,
amor meu, e esqueci o vão,
a prateleira, o título, numeração.
nunca mais li nossa estória,
aquela poesia sumira, ou não.

desdesempre

vocês não sabem
nem saberiam
o que sentíamos
ao correr no
pátio do colégio
nem imaginam
a alegria sublime
de fugir ao sol
pulando um muro
simplesmente
livres pela manhã
crianças ainda

poema vão

procuro em desvãos
vasculho vãos
nossos amores se vão
sempre em vão

poemanal

nada de alianças
em minhas
falanges só anéis
de carne

returno

voltei pra cá
hoje
amanheci aqui