quinta-feira, 28 de março de 2013

poemeconomicista

valor do salário desce
a níveis dessalinizantes.
preço das coisas sobe
a alturas estonteantes.
nível de vida despenca,
cai do alto das pontes.
não tem valido a pena,
vivemos pior que antes.

calibra dor

cinquenta libras
lufadas no peito
preenchem meu
coração sem ar

ilhados

vamos a superaguí,
que superajunto
é muito longe daqui.

quinta-feira, 21 de março de 2013

desamarrar-mo-nos

é isto.
ex-isto
em você,
e resisto
em nós
desatados.

comunhão

outro comuna
comunga
outro mundo

tudojunto

vamojuntos
tododia
queamanhã
rebeldia

outro tudo

nonada que habito
outrudos
totalmente possíveis

poemar

poetudos
pornada
poemenos
nonada
poemamos
amada.

quarta-feira, 20 de março de 2013

alma e sangue

meu sangue negro
pulsou de um jeito tal
que os sentidos e
a pele se fizeram alma
de modo desigual.

senti vibrar energia
coisa que nunca senti
cada ruído gritava
havia alguém em mim
uma coisa imaterial.

a poesia e o verbo
com bebida e tabaco
ritmo e sentimento
me fizeram alter-ego
de outra dimensão.

surtei com palavras
refiz seres já ausentes
trouxe o firmamento
pro agora novamente
meu ser atemporal.


terça-feira, 19 de março de 2013

renasonhei

duas barrigas e
eu renascia,
mulheres vivas,
só se sorria
que o dia novo
não se sabia.

minh'irmã mãe
grávidas de
mim, eu resurjo
todo de luz
sou o novo filho
do tal Ogum.

sexta-feira, 15 de março de 2013

magia

uma coisa
quandacaba
acabacabada
e abracadabra

imortal

no tal verso livre
ninguém versa nada
vida tem métrica
se é baixo, não mata.

domingo, 10 de março de 2013

flor-estar

ama
zonas
flor
estas
cores
alheias

emparedado

escondo-me atrás de palavras
vãs muralhas, paredes,
nelas me penduro como quadro.

não sei

sei lá
a gente não
sabe né
vai saber.

quarta-feira, 6 de março de 2013

re-flexão

o cinema se parece com sonho,
o teatro, com a realidade:
o cinema dá impressão de real,
o teatro, o põe em xeque.

terça-feira, 5 de março de 2013

gotinha

pequena porção
d'água
bolha prismática

domingo, 3 de março de 2013

curvado

o pensamento adunco,
a ponta do meu nariz.
e a perspectiva míope
distorce tudo que fiz.

versátil

com monte
de versinhos
conversei

e aos montes,
com versinhos,
conversamos.

mas antes
de os versinhos
inventarmos,

ventávamos
com versos
e versávamos

as verdades
que ventaram
com versar.

adiante

desapegar da forma,
reescrever sonetos.
andar a  passo largo,
amar até por menos.

quase nada

esta caneta sem tinta
e uma idéia vazia
página esquecimento

tão pouco

não mudo nada
ao não ser mudo
tenho sido tudo

assim fazemos

em cada canto encontra-se tanta arte
que e improvável que ninguém suspeite,
é tanto artista cantando e conspirando
que eu duvido que ninguém me espreite.

criamos sempre, com cuidado e humildes
mesmo mirando bem o verbo e sem exite,
porque um artista que se exibe muito
acaba aos poucos, rouco, louco, enfeite.

qual é a forma certa da mudança
para virada desta forma incerta?
só o fazer responde esta pergunta.

cordel parado nem com feitiço dança.
não tem pincel que viva sem ter tinta,
nem há teatro em que não se faz política.

dicas

os sons necessários fazê-los. os insuportáveis,
temê-los.  os inevitáveis, gritá-lo.  um som, só.
palavras de ordem, sambá-las. o dia da ordem,
combatê-lo. amigos incansáveis, sabê-los. aos
inconformados, juntar-se e os desafinados, re-
gê-los.  a embarcação, tomá-la.  a caminhada
a pé, andá-la. se for pra chegar, antes. atrasou,
ande.  se desistir, repense.  se retomar, termine.
tocou, cante. não tem letra, invente. é puro som,
encante.dia nascendo, nasce e o que ia morrendo,

noite.