domingo, 29 de dezembro de 2013

descarrilhado

saudade
é um trem
de ferro
sem trilho

sábado, 28 de dezembro de 2013

fotografia


ela me olhava
e a película
na luz suave
registrara
sua cor exata

envolvia-lhe
o pescoço
um lenço rubro
cheiroso que
me inebriara

o cabelo quase
preso e a cara
de amanhecer
perfilou o olhar
sorriu doce

                e foi.

longe

não sei mais por onde viajar
quais caminhos tomar, rotas.
já não sei o que, ou porque
escrever, como representar.
meu violão calou ao compor
o inverso, e a estrada fechou
quando abri os mapas, rotos.
fico, o tempo passa longinquo
o exílio afastou-me de amigos.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

ulceroso

 eu - poético
 e s t ô m a g o
     a    berto

granulação

milidramático
fotogramático
ultramoderno

isco

psico-logos
pisco-louco
psico-drama
pisco-grafa
psico-ótico
pisco-metra
psico-soma
pisco-cisco
psico-moda

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

poema tartaruga

se viver
fosse a m o r
pôr a cabeça
pra fora
não teria dor

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

porão

a vida que há pela casa
por baixo de nós
nossos pés, nos vãos.

a vida ininterrupta do chão
da sujeira, poeira,
desenhos do vento, tempo.

a vida que passa rasteira
o esgoto e seus bixos
cantos mortos, natureza viva.


quiçá

devolva quando quiser
não avise se vier
seja sempre bem vinda

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

cabelos

deixar crescer
os cabelos
e descobrir o
comportamento
dos pêlos
se enrolam
se caem
ou pelo menos
prendê-los

megapixel

mil
elementos
de cor
me lembram
de mim

velejar

mar bravio
branco mar
navego e
não atraco
neste vento
fraco só
há desvio.

vazovazio

tem um vão
no meu peito
inconclusão
via incompleta
insana cena
tela sem tinta
vazia fresta

estupro

pro homem
a questão é
legal.
dano moral.

pra mulher
a questão é
moral.
dano real.

solitário

o poema
decide
ser sozinho.

verso
não
pede carinho.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

escrever

vou explodir
o cinema
escrever livros
de poema
fazendo filmes
incríveis
encenar estórias
impossíveis
escrever imagens
memoráveis
recortar realidades
inviáveis
eu vou explodir
meu cinema
meu poema
minha análise.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

ki no

contar estórias
ficcionalizar
o real
alterar o entorno
mudar a rotina
as rotas
recortar o real
guilhotiná-lo
de um jeito
que só existiria
na cabeça 
dos loucos
cinematografar
também é
materializar
nossas loucuras
a raiva
a mentira
a inveja
a meta
o plano
a linguagem
são cinema
e o cinema
está metido
nisso tudo
ele acontece
nas ruas
sem outras
chances
sem cortes
recortes
refaças
o real é faca
crua
encene o meio
e invente
outra realidade
filme tudo
isso é imundo
é o cinema
são luzes técnicas
e fonemas
imagens cerebrais
sonhos
formas
reinventar o real
não tem lógicas.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

canção d'amigo

fique free
my friend
dance este
lance comigo
fique longe
de qualquer
perigo fique
free e não
se sinta livre
porque longe
vive a liberdade
fique free e seja
minha amiga, meu
só minha amiga
fique free e seja
menos freeze comigo.

sábado, 5 de outubro de 2013

cacos

naufrágo
fragata
que sou.
nau frágil
fracasso
restou.
naufrágio
fractal
estou.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

calor

outubro
   descubro
o corpo
    esquento
o sangue
        rubro
ao sol

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

esse amor que nos consome

luta
  ocupação 
    artistica
dança
negritude
água
          chão

sangue
        iansã
rio
morro
trabalho
        grana
       ogum
ficção
       drama 
   poesia
     oralidade
     oxum
corporalidade 
dureza
    exu
  flexibilidade

documentário
       presente
eu queria dançar este filme
eu queria filmar esta dança
eu queria ocupar esta casa
eu queria ser preto

domingo, 15 de setembro de 2013

saudade

o passado se mostra
justo naquilo
que o presente oculta

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

vestido

todos os tecidos
torciam,
tomara que caia,
não caiam.

domingo, 8 de setembro de 2013

rotativo

andei tanto
e volto ao ponto
mais tonto que antes

passa

vem o setembro
e acaba esse inverno,
quebra meu gelo
que o frio tá doendo.

perene

eu morro,
a montanha
permanecerá.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

ao amigo

camará della
santa,
hoje escrevo
e penso
justo em você
porque
me preocupo
contudo
com os amigos
desimporta
o tamanho que
eles têm.

a vida dá volta,
envolve,
despreza tudo,
devolve
sofrimentos e
escudos,
regorgitando
o mundo
enquanto nos
prepara
em batalhas ou
cabanas.

o tempo retira
minutos,
coisas da gente,
adiciona
entorpecentes,
vazios e
uma luz ardente
que nos
queima mesmo
no frio ,
pele de serpente,
desvios.

quando olho-me
vagando
reteso o curso e
espelho
o obtuso ensejo:
persistir!
isso me parece
tão digno
quanto desistir.
resignado
vejo o percurso
como devir.

o universo as
vezes se
inverte noutro
inverso,
possibilitando
a gente
de sentir todo
o verso,
obrigando-nos
converter
verbo em sentir,
chão em teto.

sofrer sentindo é
melhor que
querer fingindo,
morrer só é
pior que crescer
tinindo pra
envelhecer indo
pro infinito,
sentindo na pele
o peso deste
mundo esquisito,
chão agreste.

saber que o lodo
começa
não quando acaba
a desgraça,
mas quando reluz
a carcaça e
o couro cheio de
graxa reflete,
nossa cara ilustra
a manchete,
milhões nas ruas
sem confetes.

não há o que dizer,
ficar ou ir,
vencer ou perder,
nessa vida,
talvez, tudo esteja
no ventre,
num centro escuro,
alpendres
que temos entre os
pulmões e
as costelas tão finas,
corações.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

; )

pontevírgulaparentesis
umsorriso
nãosescreveporextenso

contraditório

só penso em dizer,
vais me ganhar
por querer perder.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

suspenda

um incenso
acendo pra
não crescer
o suspense.

domingo, 25 de agosto de 2013

contra-gota

para além dos guarda-chuvas
tantas gotas respingaram
e estas caras se lavaram
escorriam os olhos cheios,
chovendo sobre a cidade
as pessoas choviam por dentro.

de tristeza se molhavam desde o
pé até os cabelos para além
dos guarda-chuvas há poças
que pisamos não sabendo se
de chuva ou de lágrimas que
rolaram para além de guardar chuva,

guardam sóis para secarmos gota
gota evaporando escorrendo
respirando umedecendo meu
sonho sorridente na cidade só
chovia e as pessoas que só
riram sob o guarda-sol riam secando.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

noite de terror

em tempos
de amarildos
negos ditos
iscas de polícia
só se salva
quem tem olho
mágico pra
ver além sem
abrir a porta.

negro cielo

repenso e desisto
vou garimpar
estrelas no infinito

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

vinteum

vinte centavos e
ônibus lotado.
quanto valemos
e quanto vale
nossos salários?

vinte séculos e
gente lutando.
quanto podemos
e quanto pode
uma vanguarda?

vinte soldados e
ruas lotadas.
quantos seremos
e quais serão
as nossas armas?

sessivo

acredite
a arte
é toda
obsessão

ariano

parece uma cabra
fofa mas é
o bode do diabo

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

frio pacas

cidade fria
o povo corre
porque suar
é um milagre

maleducado

sou louco maluco
chapado
me digam, pirar é
errado?

ser são neste
mundo 
não seria também
equivocado?

normal é situação
ser-louco
é o fato, em que fui
enquadrado?

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

páginasecas

na vida  crônica
o cronismo vivo
supera a secura
do  papel jornal

domingo, 11 de agosto de 2013

silencioso

somente a palavra
necessária.
a arbitrária, calar.

transição

o que fodeu
foi 
o feudalismo

ensaiando

quando
deixas
saem
queixas
debaixo
de suas
saias

invernos verão

quando
vierem
me ver

verão

do rigor
deste
inverno

rirão

o calor
veste
amarelo

dirão

sorvete
neve
derrete

na mão

quando
vieres
me ver

verão

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

pau oco

carregavam uma
velha morta
entoando canto,
levaram-na
e louvaram nua,
a santa suja
era prostituta,
deu a bunda
e boceta a puta,
e mijaram
no corpo dela,
cantavam
que era rainha,
não santa,
sim uma deusa,
morfética,
musa profética
do pau oco,
ninfa'poteótica
das massas
tão miseráveis,
de orações
incontroláveis,
crescera na
grande cidade,
de lavadeira
ou cozinheira
preferiu dar
o cú em boate,
vivendo aos
trancos amou,
envelheceu,
sorriu, chorou,
teve filhos,
algum morreu,
fez amigos,
o avô socorreu,
confiou na
vida, se fodeu,
contou dias
presa a calçada
sem ganhar
sequer moedas,
teve lucros
comemoráveis,
uma surra,
várias pedras,
propinas,
pavores, mazela,
e na hora
da morte acendia
uma vela,
fez promessas e
cumpriu
tantas que acabou
voltando
pra ela os favores
que cedeu,
cada um da forma
certa, que
agora velha-morta
os homens
a proclamam deusa
eclética, e
avisam que a data
é feriado,
profano ou sagrado,
da mulher,
seu sexo e calvário.

poemastro

hasteei uma poesia
bandeira vazia
contorce ao vento
rasando certeira
assoprando versos
trama vermelha
enquanto minh'alma
o poema hasteia.

domingo, 4 de agosto de 2013

luvas

as mãos
em preto
e branco
pareciam
formais e
perfeitas.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

desmemória

como um poeta que perde
o papel com o poema
mais lindo que escrevera
entre as páginas velhas
de um livro acomodado em
estantes de biblioteca,
eu lhe perdi grande amor,
quando guardei-lhe palavras.
submeti meu silêncio à
horas de solidão escrevendo
versos sem  destinação.
te coloquei entrelinhas e páginas,
amor meu, e esqueci o vão,
a prateleira, o título, numeração.
nunca mais li nossa estória,
aquela poesia sumira, ou não.

desdesempre

vocês não sabem
nem saberiam
o que sentíamos
ao correr no
pátio do colégio
nem imaginam
a alegria sublime
de fugir ao sol
pulando um muro
simplesmente
livres pela manhã
crianças ainda

poema vão

procuro em desvãos
vasculho vãos
nossos amores se vão
sempre em vão

poemanal

nada de alianças
em minhas
falanges só anéis
de carne

returno

voltei pra cá
hoje
amanheci aqui

sábado, 20 de julho de 2013

amigua

a melhor amizade
é colorida
forte e indefinida

sexta-feira, 19 de julho de 2013

tempestade

as massas de
dois corpos
unidos
dormem na
madrugada

sonham

a massa
imensa de
ar frio
avança na
madrugada

gela

a massa
inerte de
ar quente
aquece a
madrugada

venta

as massas
de ar se
chocam
trovoa a
madrugada

raios

as massas
dos corpos
assustam
se afastam
na madrugada

acordam

a massa
de todas
as coisas
treme, é
madrugada

ainda

as massas
de ar
revoltas
precipitam a
madrugada

amanhece

as massas
calmas
dos corpos
se enroscam
dia dentro

chove

quarta-feira, 17 de julho de 2013

tudumpouco

não fosse pouco,
valia a pena.
não desse  medo,
fazia a cena.
já que sou louco,
risco poema.

incomunistável

antecipo
antes vivo
depois corro
e retiro
o escopo
mal encosto
só me apoio
no que sinto
me socorro
e liberto
o que havia
me retido
viver mudo
é perigoso
nesse sonho
coletivo
a linguagem
trinca o verbo
sentido não
co-respondido.

tinta

escrever à caneta
é um risco
no tempo-espaço

orvalho

caia o sol
gotas
ficavam

sumia luz
elas
secavam

pela manhã
re
condensavam

segunda-feira, 15 de julho de 2013

tom z

em show dele
fui em sete
sou tipo tiete

complicado

sou complexo
só sexo
assim não rima

refilmo

por trás
da lente
a mente
é o rolo.

o olho não
grafa mas
reflete
o assomo.

transforma
as imagens
não fixadas
ideias fixas.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

aqui dentro

     algo que quer
     sair não sai
     algo que sei
     que finjo
     não saber
     um sufoco
um oco um oco um oco.
     louco
     ouço
     uma respiração
     em mim
     por dentro
     pulsando
     embaçando
     o vidro
     quase
     estilhaçado
     película
     fina 
     que separa
     o eu
     de mim.

queda livre

sui
    ci
       do - me.
                   ca
                    io
                    num
                    bu
                    ra
                    co
                    sem


               FIM.

sabor

gosto é gosto
e gosto assim
de    qualquer
             jeito

perto longe
meio inteiro

gosto do gosto
da cor e cheiro

queria o mundo
sendo isso que
sinto não o que
             penso


pedras

quero ser
um bloco
d'esquerda
arremessado
no meio
de um reaça

quarta-feira, 3 de julho de 2013

menino povo

uma vez em mil
novecentos
e noventa e dois
minha mãe me
ergueu nos ombros
num ato de rua
contra o presidente
vi muita gente
nunca desci de lá.

depois de amanhã

as mesmas faixas,
atos e
gritos de antes,

todas as falas,
atas  e
lutas importantes,

aquelas bombas,
balas e
objetos cortantes,

as nossas armas,
bandeiras e
fatos lacrimejantes,

nossa memória,
recortes e
lutos permanentes.

no passado ainda

nada
de
novo

domingo, 23 de junho de 2013

corriente roja

eu tenho uma
metralhadora
cheia de mágoa,
ex-combatente
na Nicarágua.

que dizer

ninguém me lê.
o que será
que Lênin pode
me dizer?

sábado, 22 de junho de 2013

duvida

como que o amor
pode doer tanto?

condução

no tubo
espero
o bonde
desespero
algo que
responde

bruta dor

acho que a minha dor
bateu no teto do mundo
causou um choque profundo
e desaguou um mar
sobre aquele silêncio lunar 
inundando os homens 
de que é preciso lutar.

pramanhã

a praça
não é
taça de
vinho.

na luta
não há
ninguém
sozinho.

imensa vanguarda

milhões nas ruas
ninguém
lutou lado a lado

quarta-feira, 19 de junho de 2013

marcha venenosa

uma serpente imensa
perdida em um labirinto
de concreto marcha
e cresce a cada esquina.
poderosa envenena o
rumo e desvirtua a rota
sem achar a cabeça
Leviatã do monstro mal.
avança a serpente
ao palácio vazio e encena
um golpe furtivo,
mas no bote morde o rabo.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

nas ruas

isso passa
nada é tão forte
quanto a
força da massa.

criseconômica

pra  depressão
há cura:
uma revolução

agora

estoura uma revolução
e perde o sentido
tudo que parecia são.

domingo, 16 de junho de 2013

de onde vem

surge de repente,
surpreendente
sem avisar,
e a retaguarda
do futuro
mal podia esperar.

são dias de sol,
lá fora a gear.

contradição:
só da noite
o amanhã
pode raiar.

ais

tenho os mesmos ais
que os meus pais
mesmo eles tendo
vivido bem mais
temos couro parecido
padecemos de nunca mais

quarta-feira, 12 de junho de 2013

esgotado

amor não interessa
a dor passa
só nos resta a pressa

terça-feira, 11 de junho de 2013

papo de criança

mãe protestar
é importante?

não.

porque a gente
toda protesta?

não sei.

protesto muda
alguma coisa?

não sei não.

cê s'importa
com protesto?

não.

mãe importar
é importante?

é

e porque você
num s'importa?

juninas

fogo
fumaça
madeiras
na calçada.
gritos
estouros
canções
de algazarra.
lutas
nas ruas
são joão
anti-catraca.

ligeirinho

não a toa
o sentido contrário
da linha é
a santa felicidade,
lado de cá
no bairro tão alto
a felicidade
corre morro abaixo.

sábado, 8 de junho de 2013

turco

cena de livro
se livra
nada é livre

terça-feira, 4 de junho de 2013

vendaval oriental

os  ventos  do  leste
atravessam
as pontes  européias
desenhando
um  martelo sobre a
lua minguante
da rubra bandeira turca

segunda-feira, 3 de junho de 2013

taksim

num instante
istambul
tinha árvores
pessoas e
praças quietas
mas junho
amanheceu em
chamas
são ventos
da primavera

tessituras

a vida disse
que toda dor
que sentisse
uma luva
fina vestisse
pra nem triste
ou feliz ficar
simplesmente
existir.

com essa luva
ela nada sentia
só o volume
lhe invadia,
sequer textura
havia.

não tinha
cheiro nem
nada inteiro
só a plenitude
vulgar de
não doer por
não saber.

plastificada
ficara
sem sabor
ou desejo,
dissolvendo-se
no medo,
sem sono,
sonhos
sem enredo.

mas tirou
a luva e
sentiu o
o acre fino
do olhar,
se deliciou
com a acidez
do veludo
deixou o espinho
rasgar a dor
cicatrizar
sua carcaça
viva.

viveu
sem
luvas.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

istambul

uma luta
enorme
e cheia 
toma
as ruas
e pontes,
enche
as praças,
as travessas
incendeia.

é contra
os muros
e as lojas 
feias que
a pequena
burguesia
chama
shopping
enquanto
nos cerceia.


quarta-feira, 29 de maio de 2013

calendário

  desmaio
        caio
em junho

fora dos campos

os descampados
ao ocupar
o campo
enquadravam
novas vistas.

os empossados
desocupando
o campo
enquadravam
falsas pistas.

fora de campo
ao ocuparem
uns cantos
reescreviam
suas linhas.

calado

sem          palavras

de
              felicidade

silêncio

         solidão
     
                   cidade


terça-feira, 28 de maio de 2013

alicerce

com passos pequenos
de semínimas
compõe-se o firmamento

quarta-feira, 22 de maio de 2013

vazio

excesso
é só riso
é resto
tédio
remédio
pra falta
de tudo.

rojão

nada
acalma
hora
o outra
explodo
granada
o outro
fogo
d'artifício

antes

nem um só desenho
folha em branco
e o poema prenho

duro

    vida
é
    dura
e
    dura
é
   pedra
   que
       permanece
    dura
mesmo que o tempo
    invisível
e  s  f  a  c  e  l  e
                        aos
             poucos
vira
      a  r  e  i  a
                       chão
                       duro.

sábado, 18 de maio de 2013

pelo direito do gozo

estudantes
orgásticos
seus uivos
nem sempre
escutados
irromperam
o silêncio
dos velhos
em seus
palácios
sentados.

o seu gozo
orgiástico
co-rompeu
o hímen
da 'última
filha do lácio'
e fê-los dizer
seu bom
português:
os fodemos,
palhaços.

esses senhores
entre quatro
parede juntados
nos fodem
indecentes
sobre a mesa,
congregados.
e satisfeitos
com o rei-tor
espaçoso,
passam a mão
na nossa bunda
indecorosos.

gritando
nos expulsam
porta a fora
por que
o templo
do saber
não será
o império
do gozo.

sóque a lascívia
empedernida
dos jovens
se debate
em sala
aberta,
goza o novo
e aos trancos
bérra.

sem vergonha,
trepados uns
nos outros
construimos
o andaime novo
e gozamos
todos juntos
ao lutar.
o nosso uivo
tosco e rouco
incomoda
a velha sala
acomodada,
silenciosa,
só lhes resta
expulsar-nos,
o imoral
defenestrar.

à vós, tarados,
urgentes,
com essa
vontade
exitosa,
é preciso
animar a
plebe toda
na novidade
a trepar,
sem medo
de errar.

aos velhos
senhores,
digam que
aguardem,
o dia dos
expulsos
voltarem
suados
gritando
amontoados:
nós os fodidos
não preservamos
palácios castos.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

genesistórico

somos
      o que
somos
   cromo
somos.

 somamos
            o que
      fomos
         cromo
somáticos

domingo, 12 de maio de 2013

desatinar

desate tudo
desatinada
decifro furo
outra cilada

sexta-feira, 10 de maio de 2013

poemercado

entender de inflação
não precisa lição
basta viver de salário,
sustentar-se por
um mês, economizar
o não diário sem
qualquer  economês.

frequente o mercado
ao menos uma vez
comprando uma dúzia,
pagando por três.
trabalhando sete dias,
ganhando por seis,
adormecendo jejoado,
acordando, talvez.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

frases mentais

saber mais
que
fragmento
frac
          tais.
parece um
      tempo
in     tenso
parece ter
que  saber
         mais.

domingo, 5 de maio de 2013

bem te vi

bom saber-te bem,
sincera saudade
fico bem também.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

escritor

escrever
o prazer
um lazer
ou labor.
escrever
pra viver
como um
trabalha
         dor

quarta-feira, 1 de maio de 2013

nascente

a poesia é inevitável
faço porque é fácil
meus versos brotam
palavras minam feito
água matéria prima
insustentável da vida

pro-fundo

fundo
do
poço

re-organismo

outro-si
em-si
por-si só

ideo logia

pra toda estética
uma ética,
articulada poética

futil

frutifico
futurismo
futulivro
frutolivre
fortifico
futilíssima
foto
  grama
         tica

       

domingo, 28 de abril de 2013

da cozinha

mulheres,
abandonem
os fogões,
se o tempo
é de fogo,
revoluções.

encena

memória é resistência
um ensaio geral
pra futuras cenas reais

pecinhas

peço pouco só:
pense peças
dispense trocos.

na lua

cabeça no céu
mãos no chão
incerto coração

sexta-feira, 26 de abril de 2013

caipora

dor sem solução,
gelo e açucar
cachaça e limão.

insolúvel

água e óleo
entre olhos
meio a meio

quinta-feira, 25 de abril de 2013

lunado


jornada de lua
vou pra cama
o povo pra rua

terça-feira, 23 de abril de 2013

dirigir

pra um roteiro,
só uma rota
e um timoneiro.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

nosso

nosso amor
tem quase
o tamanho
inteiro
do seu fio
de cabelo,
uma grafia
no tempo,
crescimento.

o velho e
o novo de
nossas células,
pão dividido
ao meio.

nosso amor
tem quase
uma camada
fina de poeira
que acumulou
na prateleira,
água quente
na chaleira.

tem o tamanho
do grito
do choro,
riso e soluço,
surpreendo-me.

e perco-me
nos sílios
mínimos que
se espalham
por você.

la vie

a vida tem
intervalos curtos
feita de contratempos e
nem percebemos que
a estranha música,
repicada, solta,
tem seu jeito
de fluir.
vai e vem
como o mar
na beira da areia,
chega e volta,
ininterruptamente,
mas sempre lá,
una, imensa,
viva.

voar

hoje é dia de pipa
o céu tá de brigadeiro
vento sobe seco
a frente fria chegando
ao entardecer tem
ventarada no crepúsculo

no vento

quantos outubros
ainda virão
pra ser possível
sentir no ar
cheiro de revolução

quarta-feira, 3 de abril de 2013

amnesonho

faz tempo não sonho
e todo dia ponho
um bocado de lenha
fogo de memória
incêndio pensamento
queimam sonhos
fumaça esquecimento

quinta-feira, 28 de março de 2013

poemeconomicista

valor do salário desce
a níveis dessalinizantes.
preço das coisas sobe
a alturas estonteantes.
nível de vida despenca,
cai do alto das pontes.
não tem valido a pena,
vivemos pior que antes.

calibra dor

cinquenta libras
lufadas no peito
preenchem meu
coração sem ar

ilhados

vamos a superaguí,
que superajunto
é muito longe daqui.

quinta-feira, 21 de março de 2013

desamarrar-mo-nos

é isto.
ex-isto
em você,
e resisto
em nós
desatados.

comunhão

outro comuna
comunga
outro mundo

tudojunto

vamojuntos
tododia
queamanhã
rebeldia

outro tudo

nonada que habito
outrudos
totalmente possíveis

poemar

poetudos
pornada
poemenos
nonada
poemamos
amada.

quarta-feira, 20 de março de 2013

alma e sangue

meu sangue negro
pulsou de um jeito tal
que os sentidos e
a pele se fizeram alma
de modo desigual.

senti vibrar energia
coisa que nunca senti
cada ruído gritava
havia alguém em mim
uma coisa imaterial.

a poesia e o verbo
com bebida e tabaco
ritmo e sentimento
me fizeram alter-ego
de outra dimensão.

surtei com palavras
refiz seres já ausentes
trouxe o firmamento
pro agora novamente
meu ser atemporal.


terça-feira, 19 de março de 2013

renasonhei

duas barrigas e
eu renascia,
mulheres vivas,
só se sorria
que o dia novo
não se sabia.

minh'irmã mãe
grávidas de
mim, eu resurjo
todo de luz
sou o novo filho
do tal Ogum.

sexta-feira, 15 de março de 2013

magia

uma coisa
quandacaba
acabacabada
e abracadabra

imortal

no tal verso livre
ninguém versa nada
vida tem métrica
se é baixo, não mata.

domingo, 10 de março de 2013

flor-estar

ama
zonas
flor
estas
cores
alheias

emparedado

escondo-me atrás de palavras
vãs muralhas, paredes,
nelas me penduro como quadro.

não sei

sei lá
a gente não
sabe né
vai saber.

quarta-feira, 6 de março de 2013

re-flexão

o cinema se parece com sonho,
o teatro, com a realidade:
o cinema dá impressão de real,
o teatro, o põe em xeque.

terça-feira, 5 de março de 2013

gotinha

pequena porção
d'água
bolha prismática

domingo, 3 de março de 2013

curvado

o pensamento adunco,
a ponta do meu nariz.
e a perspectiva míope
distorce tudo que fiz.

versátil

com monte
de versinhos
conversei

e aos montes,
com versinhos,
conversamos.

mas antes
de os versinhos
inventarmos,

ventávamos
com versos
e versávamos

as verdades
que ventaram
com versar.

adiante

desapegar da forma,
reescrever sonetos.
andar a  passo largo,
amar até por menos.

quase nada

esta caneta sem tinta
e uma idéia vazia
página esquecimento

tão pouco

não mudo nada
ao não ser mudo
tenho sido tudo

assim fazemos

em cada canto encontra-se tanta arte
que e improvável que ninguém suspeite,
é tanto artista cantando e conspirando
que eu duvido que ninguém me espreite.

criamos sempre, com cuidado e humildes
mesmo mirando bem o verbo e sem exite,
porque um artista que se exibe muito
acaba aos poucos, rouco, louco, enfeite.

qual é a forma certa da mudança
para virada desta forma incerta?
só o fazer responde esta pergunta.

cordel parado nem com feitiço dança.
não tem pincel que viva sem ter tinta,
nem há teatro em que não se faz política.

dicas

os sons necessários fazê-los. os insuportáveis,
temê-los.  os inevitáveis, gritá-lo.  um som, só.
palavras de ordem, sambá-las. o dia da ordem,
combatê-lo. amigos incansáveis, sabê-los. aos
inconformados, juntar-se e os desafinados, re-
gê-los.  a embarcação, tomá-la.  a caminhada
a pé, andá-la. se for pra chegar, antes. atrasou,
ande.  se desistir, repense.  se retomar, termine.
tocou, cante. não tem letra, invente. é puro som,
encante.dia nascendo, nasce e o que ia morrendo,

noite.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

sobre voos

sobre voantes
entorpe sentes
revigor antes
anti correntes
entre laçantes

sobre vivos

quando eu era
pequeno
os amigos de
meus pais
morriam e eu
achava
um absurdo.

mas cresci e
os amigos
morrem tanto,
descobri:
viver mata e
apenas
sobrevivemos.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

caiu um tombo

mixirica
risada toa.

de bola
craque
amizade boa.

inteligência
silêncio tece.

a vida ao
craque
revela a toa.

o menino
nunca distrai.

no passe
o craque
desvia e voa.

o menino
quebra e cai.

a queda
craque
desfaz o voo.

perduro
o chão vence.

o tempo
craque
refaz o choro.

vidaberta

onde buscar paz
se paz não há
por aqui tudo jaz

domingo, 17 de fevereiro de 2013

indigesto real

a arte
tem fome
de real.

há muita
indigestão.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

temporais

que horas
são?

qual o tamanho
da vida,

ela diminui
ou não?

ganha-se tempo
de vida?

diminutos
grãos,

inquantificável
matéria.

pequenas antenas

co-néctares de futuro
crianças antenam
cirandas no presente

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

copas

toda semente
enraíza, todo
galho cresce,
e folhas secam.


mirar

mira
miragem
pura
viagem

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

folha de rosto

branco
vermelho
preto

domingo, 3 de fevereiro de 2013

combate

antistalino adverso combato
o antitrosko avesso
golpe a golpe, verso a verso

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

proso e ando

caminho agora
da prosa longa
pro verso curto

bulo o tempo

escrevo pensamentos
grafia noturna
assim morro menos

eterna

a palavra não
se contém,
é além túmulo.

caminhos

transar em todas
não levou
a lugar nenhum.

n d a ç e s

se nada
anda,
dança-se.

T O C

a poesia é
transtorno
obsessivo
compulsivo

preso

o tempo  contigenciado
preciso  urgente
transformar em passado

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

eu mesmo

palavras de ordem
desordem
e o cínismo é o amigo
antigo que
conheço desde que
eu nasci.

sábado, 12 de janeiro de 2013

dando bandeira

fui m'embora
pra passárgada
mas fudeu,
perdi amada
e o rei não era
amigo meu.

por tim tim

a que ponto
chegamos.
fugir pra china
assim?
logo eu que
nunca levei a
sério aprender
mandarim.
Ai de mim,
s o l e t r o tudo
tim tim por
tim tim.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

no papel

troquei o notebook
pela velha olivetti,
a poesia foi só pra ti

amor(a)s

amor(a)caba
e deixa dor
e  passa e
novamor(h)á

contenido

qualquer reta
no rascunho
contém arte

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

sonhoreal

sonhei   que
sonhávamos

só sonho

a   realidade
é  mais  real