saudade
é um trem
de ferro
sem trilho
domingo, 29 de dezembro de 2013
sábado, 28 de dezembro de 2013
fotografia
ela me olhava
e a película
na luz suave
registrara
sua cor exata
envolvia-lhe
o pescoço
um lenço rubro
cheiroso que
me inebriara
o cabelo quase
preso e a cara
de amanhecer
perfilou o olhar
sorriu doce
e foi.
e a película
na luz suave
registrara
sua cor exata
envolvia-lhe
o pescoço
um lenço rubro
cheiroso que
me inebriara
o cabelo quase
preso e a cara
de amanhecer
perfilou o olhar
sorriu doce
e foi.
longe
não sei mais por onde viajar
quais caminhos tomar, rotas.
já não sei o que, ou porque
escrever, como representar.
meu violão calou ao compor
o inverso, e a estrada fechou
quando abri os mapas, rotos.
fico, o tempo passa longinquo
o exílio afastou-me de amigos.
quais caminhos tomar, rotas.
já não sei o que, ou porque
escrever, como representar.
meu violão calou ao compor
o inverso, e a estrada fechou
quando abri os mapas, rotos.
fico, o tempo passa longinquo
o exílio afastou-me de amigos.
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
isco
psico-logos
pisco-louco
psico-drama
pisco-grafa
psico-ótico
pisco-metra
psico-soma
pisco-cisco
psico-moda
pisco-louco
psico-drama
pisco-grafa
psico-ótico
pisco-metra
psico-soma
pisco-cisco
psico-moda
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
cabelos
deixar crescer
os cabelos
e descobrir o
comportamento
dos pêlos
se enrolam
se caem
ou pelo menos
prendê-los
os cabelos
e descobrir o
comportamento
dos pêlos
se enrolam
se caem
ou pelo menos
prendê-los
vazovazio
tem um vão
no meu peito
inconclusão
via incompleta
insana cena
tela sem tinta
vazia fresta
no meu peito
inconclusão
via incompleta
insana cena
tela sem tinta
vazia fresta
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
escrever
vou explodir
o cinema
escrever livros
de poema
fazendo filmes
incríveis
encenar estórias
impossíveis
escrever imagens
memoráveis
recortar realidades
inviáveis
eu vou explodir
meu cinema
meu poema
minha análise.
o cinema
escrever livros
de poema
fazendo filmes
incríveis
encenar estórias
impossíveis
escrever imagens
memoráveis
recortar realidades
inviáveis
eu vou explodir
meu cinema
meu poema
minha análise.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
ki no
contar estórias
ficcionalizar
o real
alterar o entorno
mudar a rotina
as rotas
recortar o real
guilhotiná-lo
de um jeito
que só existiria
na cabeça
dos loucos
cinematografar
também é
materializar
nossas loucuras
a raiva
a mentira
a inveja
a meta
o plano
a linguagem
são cinema
e o cinema
está metido
nisso tudo
ele acontece
nas ruas
sem outras
chances
sem cortes
recortes
refaças
o real é faca
crua
encene o meio
e invente
outra realidade
filme tudo
isso é imundo
é o cinema
são luzes técnicas
e fonemas
imagens cerebrais
sonhos
formas
reinventar o real
não tem lógicas.
terça-feira, 22 de outubro de 2013
canção d'amigo
fique free
my friend
dance este
lance comigo
fique longe
de qualquer
perigo fique
free e não
se sinta livre
porque longe
vive a liberdade
fique free e seja
minha amiga, meu
só minha amiga
fique free e seja
menos freeze comigo.
my friend
dance este
lance comigo
fique longe
de qualquer
perigo fique
free e não
se sinta livre
porque longe
vive a liberdade
fique free e seja
minha amiga, meu
só minha amiga
fique free e seja
menos freeze comigo.
sábado, 5 de outubro de 2013
terça-feira, 1 de outubro de 2013
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
esse amor que nos consome
luta
ocupação
artistica
dança
negritude
água
chão
sangue
iansã
rio
morro
trabalho
grana
ogum
ficção
drama
poesia
oralidade
oxum
corporalidade
dureza
exu
flexibilidade
documentário
presente
eu queria dançar este filme
eu queria filmar esta dança
eu queria ocupar esta casa
eu queria ser preto
ocupação
artistica
dança
negritude
água
chão
sangue
iansã
rio
morro
trabalho
grana
ogum
ficção
drama
poesia
oralidade
oxum
corporalidade
dureza
exu
flexibilidade
documentário
presente
eu queria dançar este filme
eu queria filmar esta dança
eu queria ocupar esta casa
eu queria ser preto
domingo, 15 de setembro de 2013
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
domingo, 8 de setembro de 2013
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
ao amigo
camará della
santa,
hoje escrevo
e penso
justo em você
porque
me preocupo
contudo
com os amigos
desimporta
o tamanho que
eles têm.
a vida dá volta,
envolve,
despreza tudo,
devolve
sofrimentos e
escudos,
regorgitando
o mundo
enquanto nos
prepara
em batalhas ou
cabanas.
o tempo retira
minutos,
coisas da gente,
adiciona
entorpecentes,
vazios e
uma luz ardente
que nos
queima mesmo
no frio ,
pele de serpente,
desvios.
quando olho-me
vagando
reteso o curso e
espelho
o obtuso ensejo:
persistir!
isso me parece
tão digno
quanto desistir.
resignado
vejo o percurso
como devir.
o universo as
vezes se
inverte noutro
inverso,
possibilitando
a gente
de sentir todo
o verso,
obrigando-nos
converter
verbo em sentir,
chão em teto.
sofrer sentindo é
melhor que
querer fingindo,
morrer só é
pior que crescer
tinindo pra
envelhecer indo
pro infinito,
sentindo na pele
o peso deste
mundo esquisito,
chão agreste.
saber que o lodo
começa
não quando acaba
a desgraça,
mas quando reluz
a carcaça e
o couro cheio de
graxa reflete,
nossa cara ilustra
a manchete,
milhões nas ruas
sem confetes.
não há o que dizer,
ficar ou ir,
vencer ou perder,
nessa vida,
talvez, tudo esteja
no ventre,
num centro escuro,
alpendres
que temos entre os
pulmões e
as costelas tão finas,
corações.quinta-feira, 29 de agosto de 2013
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
domingo, 25 de agosto de 2013
contra-gota
para além dos guarda-chuvas
tantas gotas respingaram
e estas caras se lavaram
escorriam os olhos cheios,
chovendo sobre a cidade
as pessoas choviam por dentro.
de tristeza se molhavam desde o
pé até os cabelos para além
dos guarda-chuvas há poças
que pisamos não sabendo se
de chuva ou de lágrimas que
rolaram para além de guardar chuva,
guardam sóis para secarmos gota
gota evaporando escorrendo
respirando umedecendo meu
sonho sorridente na cidade só
chovia e as pessoas que só
riram sob o guarda-sol riam secando.
tantas gotas respingaram
e estas caras se lavaram
escorriam os olhos cheios,
chovendo sobre a cidade
as pessoas choviam por dentro.
de tristeza se molhavam desde o
pé até os cabelos para além
dos guarda-chuvas há poças
que pisamos não sabendo se
de chuva ou de lágrimas que
rolaram para além de guardar chuva,
guardam sóis para secarmos gota
gota evaporando escorrendo
respirando umedecendo meu
sonho sorridente na cidade só
chovia e as pessoas que só
riram sob o guarda-sol riam secando.
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
noite de terror
em tempos
de amarildos
negos ditos
iscas de polícia
só se salva
quem tem olho
mágico pra
ver além sem
abrir a porta.
de amarildos
negos ditos
iscas de polícia
só se salva
quem tem olho
mágico pra
ver além sem
abrir a porta.
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
vinteum
vinte centavos e
ônibus lotado.
quanto valemos
e quanto vale
nossos salários?
vinte séculos e
gente lutando.
quanto podemos
e quanto pode
uma vanguarda?
vinte soldados e
ruas lotadas.
quantos seremos
e quais serão
as nossas armas?
ônibus lotado.
quanto valemos
e quanto vale
nossos salários?
vinte séculos e
gente lutando.
quanto podemos
e quanto pode
uma vanguarda?
vinte soldados e
ruas lotadas.
quantos seremos
e quais serão
as nossas armas?
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
maleducado
sou louco maluco
chapado
me digam, pirar é
me digam, pirar é
errado?
ser são neste
mundo
não seria também
equivocado?
normal é situação
ser-louco
é o fato, em que fui
é o fato, em que fui
enquadrado?
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
domingo, 11 de agosto de 2013
invernos verão
quando
vierem
me ver
verão
do rigor
deste
inverno
rirão
o calor
veste
amarelo
dirão
sorvete
neve
derrete
na mão
quando
vieres
me ver
verão
vierem
me ver
verão
do rigor
deste
inverno
rirão
o calor
veste
amarelo
dirão
sorvete
neve
derrete
na mão
quando
vieres
me ver
verão
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
pau oco
carregavam uma
velha morta
entoando canto,
levaram-na
e louvaram nua,
a santa suja
era prostituta,
deu a bunda
e boceta a puta,
e mijaram
no corpo dela,
cantavam
que era rainha,
não santa,
sim uma deusa,
morfética,
musa profética
do pau oco,
ninfa'poteótica
das massas
tão miseráveis,
de orações
incontroláveis,
crescera na
grande cidade,
de lavadeira
ou cozinheira
preferiu dar
o cú em boate,
vivendo aos
trancos amou,
envelheceu,
sorriu, chorou,
teve filhos,
algum morreu,
fez amigos,
o avô socorreu,
confiou na
vida, se fodeu,
contou dias
presa a calçada
sem ganhar
sequer moedas,
teve lucros
comemoráveis,
uma surra,
várias pedras,
propinas,
pavores, mazela,
e na hora
da morte acendia
uma vela,
fez promessas e
cumpriu
tantas que acabou
voltando
pra ela os favores
que cedeu,
cada um da forma
certa, que
agora velha-morta
os homens
a proclamam deusa
eclética, e
avisam que a data
é feriado,
profano ou sagrado,
da mulher,
seu sexo e calvário.
velha morta
entoando canto,
levaram-na
e louvaram nua,
a santa suja
era prostituta,
deu a bunda
e boceta a puta,
e mijaram
no corpo dela,
cantavam
que era rainha,
não santa,
sim uma deusa,
morfética,
musa profética
do pau oco,
ninfa'poteótica
das massas
tão miseráveis,
de orações
incontroláveis,
crescera na
grande cidade,
de lavadeira
ou cozinheira
preferiu dar
o cú em boate,
vivendo aos
trancos amou,
envelheceu,
sorriu, chorou,
teve filhos,
algum morreu,
fez amigos,
o avô socorreu,
confiou na
vida, se fodeu,
contou dias
presa a calçada
sem ganhar
sequer moedas,
teve lucros
comemoráveis,
uma surra,
várias pedras,
propinas,
pavores, mazela,
e na hora
da morte acendia
uma vela,
fez promessas e
cumpriu
tantas que acabou
voltando
pra ela os favores
que cedeu,
cada um da forma
certa, que
agora velha-morta
os homens
a proclamam deusa
eclética, e
avisam que a data
é feriado,
profano ou sagrado,
da mulher,
seu sexo e calvário.
poemastro
hasteei uma poesia
bandeira vazia
contorce ao vento
rasando certeira
assoprando versos
trama vermelha
enquanto minh'alma
o poema hasteia.
bandeira vazia
contorce ao vento
rasando certeira
assoprando versos
trama vermelha
enquanto minh'alma
o poema hasteia.
domingo, 4 de agosto de 2013
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
desmemória
como um poeta que perde
o papel com o poema
mais lindo que escrevera
entre as páginas velhas
de um livro acomodado em
estantes de biblioteca,
eu lhe perdi grande amor,
quando guardei-lhe palavras.
submeti meu silêncio à
horas de solidão escrevendo
versos sem destinação.
te coloquei entrelinhas e páginas,
amor meu, e esqueci o vão,
a prateleira, o título, numeração.
nunca mais li nossa estória,
aquela poesia sumira, ou não.
o papel com o poema
mais lindo que escrevera
entre as páginas velhas
de um livro acomodado em
estantes de biblioteca,
eu lhe perdi grande amor,
quando guardei-lhe palavras.
submeti meu silêncio à
horas de solidão escrevendo
versos sem destinação.
te coloquei entrelinhas e páginas,
amor meu, e esqueci o vão,
a prateleira, o título, numeração.
nunca mais li nossa estória,
aquela poesia sumira, ou não.
desdesempre
vocês não sabem
nem saberiam
o que sentíamos
ao correr no
pátio do colégio
nem imaginam
a alegria sublime
de fugir ao sol
pulando um muro
simplesmente
livres pela manhã
crianças ainda
nem saberiam
o que sentíamos
ao correr no
pátio do colégio
nem imaginam
a alegria sublime
de fugir ao sol
pulando um muro
simplesmente
livres pela manhã
crianças ainda
sábado, 20 de julho de 2013
sexta-feira, 19 de julho de 2013
tempestade
as massas de
dois corpos
unidos
dormem na
madrugada
sonham
a massa
imensa de
ar frio
avança na
madrugada
gela
a massa
inerte de
ar quente
aquece a
madrugada
venta
as massas
de ar se
chocam
trovoa a
madrugada
raios
as massas
dos corpos
assustam
se afastam
na madrugada
acordam
a massa
de todas
as coisas
treme, é
madrugada
ainda
as massas
de ar
revoltas
precipitam a
madrugada
amanhece
as massas
calmas
dos corpos
se enroscam
dia dentro
chove
dois corpos
unidos
dormem na
madrugada
sonham
a massa
imensa de
ar frio
avança na
madrugada
gela
a massa
inerte de
ar quente
aquece a
madrugada
venta
as massas
de ar se
chocam
trovoa a
madrugada
raios
as massas
dos corpos
assustam
se afastam
na madrugada
acordam
a massa
de todas
as coisas
treme, é
madrugada
ainda
as massas
de ar
revoltas
precipitam a
madrugada
amanhece
as massas
calmas
dos corpos
se enroscam
dia dentro
chove
quarta-feira, 17 de julho de 2013
tudumpouco
não fosse pouco,
valia a pena.
não desse medo,
fazia a cena.
já que sou louco,
risco poema.
valia a pena.
não desse medo,
fazia a cena.
já que sou louco,
risco poema.
incomunistável
antecipo
antes vivo
depois corro
e retiro
o escopo
mal encosto
só me apoio
no que sinto
me socorro
e liberto
o que havia
me retido
viver mudo
é perigoso
nesse sonho
coletivo
a linguagem
trinca o verbo
sentido não
co-respondido.
antes vivo
depois corro
e retiro
o escopo
mal encosto
só me apoio
no que sinto
me socorro
e liberto
o que havia
me retido
viver mudo
é perigoso
nesse sonho
coletivo
a linguagem
trinca o verbo
sentido não
co-respondido.
segunda-feira, 15 de julho de 2013
refilmo
por trás
da lente
a mente
é o rolo.
o olho não
grafa mas
reflete
o assomo.
transforma
as imagens
não fixadas
ideias fixas.
da lente
a mente
é o rolo.
o olho não
grafa mas
reflete
o assomo.
transforma
as imagens
não fixadas
ideias fixas.
quinta-feira, 11 de julho de 2013
aqui dentro
algo que quer
sair não sai
algo que sei
que finjo
não saber
um sufoco
um oco um oco um oco.
louco
ouço
uma respiração
em mim
por dentro
pulsando
embaçando
o vidro
quase
estilhaçado
película
fina
que separa
o eu
de mim.
sabor
gosto é gosto
e gosto assim
de qualquer
jeito
perto longe
meio inteiro
gosto do gosto
da cor e cheiro
queria o mundo
sendo isso que
sinto não o que
penso
e gosto assim
de qualquer
jeito
perto longe
meio inteiro
gosto do gosto
da cor e cheiro
queria o mundo
sendo isso que
sinto não o que
penso
quarta-feira, 3 de julho de 2013
menino povo
uma vez em mil
novecentos
e noventa e dois
minha mãe me
ergueu nos ombros
num ato de rua
contra o presidente
vi muita gente
nunca desci de lá.
novecentos
e noventa e dois
minha mãe me
ergueu nos ombros
num ato de rua
contra o presidente
vi muita gente
nunca desci de lá.
depois de amanhã
as mesmas faixas,
atos e
gritos de antes,
todas as falas,
atas e
lutas importantes,
aquelas bombas,
balas e
objetos cortantes,
as nossas armas,
bandeiras e
fatos lacrimejantes,
nossa memória,
recortes e
lutos permanentes.
atos e
gritos de antes,
todas as falas,
atas e
lutas importantes,
aquelas bombas,
balas e
objetos cortantes,
as nossas armas,
bandeiras e
fatos lacrimejantes,
nossa memória,
recortes e
lutos permanentes.
domingo, 23 de junho de 2013
sábado, 22 de junho de 2013
bruta dor
acho que a minha dor
bateu no teto do mundo
causou um choque profundo
e desaguou um mar
sobre aquele silêncio lunar
inundando os homens
de que é preciso lutar.
quarta-feira, 19 de junho de 2013
marcha venenosa
uma serpente imensa
perdida em um labirinto
de concreto marcha
e cresce a cada esquina.
poderosa envenena o
rumo e desvirtua a rota
sem achar a cabeça
Leviatã do monstro mal.
avança a serpente
ao palácio vazio e encena
um golpe furtivo,
mas no bote morde o rabo.
perdida em um labirinto
de concreto marcha
e cresce a cada esquina.
poderosa envenena o
rumo e desvirtua a rota
sem achar a cabeça
Leviatã do monstro mal.
avança a serpente
ao palácio vazio e encena
um golpe furtivo,
mas no bote morde o rabo.
segunda-feira, 17 de junho de 2013
domingo, 16 de junho de 2013
de onde vem
surge de repente,
surpreendente
sem avisar,
e a retaguarda
do futuro
mal podia esperar.
são dias de sol,
lá fora a gear.
contradição:
só da noite
o amanhã
pode raiar.
surpreendente
sem avisar,
e a retaguarda
do futuro
mal podia esperar.
são dias de sol,
lá fora a gear.
contradição:
só da noite
o amanhã
pode raiar.
ais
tenho os mesmos ais
que os meus pais
mesmo eles tendo
vivido bem mais
temos couro parecido
padecemos de nunca mais
que os meus pais
mesmo eles tendo
vivido bem mais
temos couro parecido
padecemos de nunca mais
quarta-feira, 12 de junho de 2013
terça-feira, 11 de junho de 2013
papo de criança
mãe protestar
é importante?
não.
porque a gente
toda protesta?
não sei.
protesto muda
alguma coisa?
não sei não.
não sei não.
cê s'importa
com protesto?
não.
mãe importar
é importante?
é
e porque você
num s'importa?
juninas
fogo
fumaça
madeiras
na calçada.
gritos
estouros
canções
de algazarra.
lutas
nas ruas
são joão
anti-catraca.
fumaça
madeiras
na calçada.
gritos
estouros
canções
de algazarra.
lutas
nas ruas
são joão
anti-catraca.
ligeirinho
não a toa
o sentido contrário
da linha é
a santa felicidade,
lado de cá
no bairro tão alto
a felicidade
corre morro abaixo.
o sentido contrário
da linha é
a santa felicidade,
lado de cá
no bairro tão alto
a felicidade
corre morro abaixo.
sábado, 8 de junho de 2013
terça-feira, 4 de junho de 2013
vendaval oriental
os ventos do leste
atravessam
as pontes européias
desenhando
um martelo sobre a
lua minguante
da rubra bandeira turca
atravessam
as pontes européias
desenhando
um martelo sobre a
lua minguante
da rubra bandeira turca
segunda-feira, 3 de junho de 2013
taksim
num instante
istambul
tinha árvores
pessoas e
praças quietas
mas junho
amanheceu em
chamas
são ventos
da primavera
istambul
tinha árvores
pessoas e
praças quietas
mas junho
amanheceu em
chamas
são ventos
da primavera
tessituras
a vida disse
que toda dor
que sentisse
uma luva
fina vestisse
pra nem triste
ou feliz ficar
simplesmente
existir.
com essa luva
ela nada sentia
só o volume
lhe invadia,
sequer textura
havia.
não tinha
cheiro nem
nada inteiro
só a plenitude
vulgar de
não doer por
não saber.
plastificada
ficara
sem sabor
ou desejo,
dissolvendo-se
no medo,
sem sono,
sonhos
sem enredo.
mas tirou
a luva e
sentiu o
o acre fino
do olhar,
se deliciou
com a acidez
do veludo
deixou o espinho
rasgar a dor
cicatrizar
sua carcaça
viva.
viveu
sem
luvas.
que toda dor
que sentisse
uma luva
fina vestisse
pra nem triste
ou feliz ficar
simplesmente
existir.
com essa luva
ela nada sentia
só o volume
lhe invadia,
sequer textura
havia.
não tinha
cheiro nem
nada inteiro
só a plenitude
vulgar de
não doer por
não saber.
plastificada
ficara
sem sabor
ou desejo,
dissolvendo-se
no medo,
sem sono,
sonhos
sem enredo.
mas tirou
a luva e
sentiu o
o acre fino
do olhar,
se deliciou
com a acidez
do veludo
deixou o espinho
rasgar a dor
cicatrizar
sua carcaça
viva.
viveu
sem
luvas.
sexta-feira, 31 de maio de 2013
istambul
uma luta
enorme
e cheia
toma
as ruas
e pontes,
enche
as praças,
as travessas
incendeia.
é contra
os muros
e as lojas
feias que
a pequena
burguesia
chama
shopping
enquanto
nos cerceia.
quarta-feira, 29 de maio de 2013
fora dos campos
os descampados
ao ocupar
o campo
enquadravam
novas vistas.
os empossados
desocupando
o campo
enquadravam
falsas pistas.
fora de campo
ao ocuparem
uns cantos
reescreviam
suas linhas.
ao ocupar
o campo
enquadravam
novas vistas.
os empossados
desocupando
o campo
enquadravam
falsas pistas.
fora de campo
ao ocuparem
uns cantos
reescreviam
suas linhas.
terça-feira, 28 de maio de 2013
quarta-feira, 22 de maio de 2013
sábado, 18 de maio de 2013
pelo direito do gozo
estudantes
orgásticos
seus uivos
nem sempre
escutados
irromperam
o silêncio
dos velhos
em seus
palácios
sentados.
o seu gozo
orgiástico
co-rompeu
o hímen
da 'última
filha do lácio'
e fê-los dizer
seu bom
português:
os fodemos,
palhaços.
esses senhores
entre quatro
parede juntados
nos fodem
indecentes
sobre a mesa,
congregados.
e satisfeitos
com o rei-tor
espaçoso,
passam a mão
na nossa bunda
indecorosos.
gritando
nos expulsam
porta a fora
por que
o templo
do saber
não será
o império
do gozo.
sóque a lascívia
empedernida
dos jovens
se debate
em sala
aberta,
goza o novo
e aos trancos
bérra.
sem vergonha,
trepados uns
nos outros
construimos
o andaime novo
e gozamos
todos juntos
ao lutar.
o nosso uivo
tosco e rouco
incomoda
a velha sala
acomodada,
silenciosa,
só lhes resta
expulsar-nos,
o imoral
defenestrar.
à vós, tarados,
urgentes,
com essa
vontade
exitosa,
é preciso
animar a
plebe toda
na novidade
a trepar,
sem medo
de errar.
aos velhos
senhores,
digam que
aguardem,
o dia dos
expulsos
voltarem
suados
gritando
amontoados:
nós os fodidos
não preservamos
palácios castos.
orgásticos
seus uivos
nem sempre
escutados
irromperam
o silêncio
dos velhos
em seus
palácios
sentados.
o seu gozo
orgiástico
co-rompeu
o hímen
da 'última
filha do lácio'
e fê-los dizer
seu bom
português:
os fodemos,
palhaços.
esses senhores
entre quatro
parede juntados
nos fodem
indecentes
sobre a mesa,
congregados.
e satisfeitos
com o rei-tor
espaçoso,
passam a mão
na nossa bunda
indecorosos.
gritando
nos expulsam
porta a fora
por que
o templo
do saber
não será
o império
do gozo.
sóque a lascívia
empedernida
dos jovens
se debate
em sala
aberta,
goza o novo
e aos trancos
bérra.
sem vergonha,
trepados uns
nos outros
construimos
o andaime novo
e gozamos
todos juntos
ao lutar.
o nosso uivo
tosco e rouco
incomoda
a velha sala
acomodada,
silenciosa,
só lhes resta
expulsar-nos,
o imoral
defenestrar.
à vós, tarados,
urgentes,
com essa
vontade
exitosa,
é preciso
animar a
plebe toda
na novidade
a trepar,
sem medo
de errar.
aos velhos
senhores,
digam que
aguardem,
o dia dos
expulsos
voltarem
suados
gritando
amontoados:
nós os fodidos
não preservamos
palácios castos.
quinta-feira, 16 de maio de 2013
domingo, 12 de maio de 2013
sexta-feira, 10 de maio de 2013
poemercado
entender de inflação
não precisa lição
basta viver de salário,
sustentar-se por
um mês, economizar
o não diário sem
qualquer economês.
frequente o mercado
ao menos uma vez
comprando uma dúzia,
pagando por três.
trabalhando sete dias,
ganhando por seis,
adormecendo jejoado,
acordando, talvez.
não precisa lição
basta viver de salário,
sustentar-se por
um mês, economizar
o não diário sem
qualquer economês.
frequente o mercado
ao menos uma vez
comprando uma dúzia,
pagando por três.
trabalhando sete dias,
ganhando por seis,
adormecendo jejoado,
acordando, talvez.
quinta-feira, 9 de maio de 2013
frases mentais
saber mais
que
fragmento
frac
tais.
parece um
tempo
in tenso
parece ter
que saber
mais.
que
fragmento
frac
tais.
parece um
tempo
in tenso
parece ter
que saber
mais.
domingo, 5 de maio de 2013
quinta-feira, 2 de maio de 2013
quarta-feira, 1 de maio de 2013
nascente
a poesia é inevitável
faço porque é fácil
meus versos brotam
palavras minam feito
água matéria prima
insustentável da vida
domingo, 28 de abril de 2013
sexta-feira, 26 de abril de 2013
quinta-feira, 25 de abril de 2013
terça-feira, 23 de abril de 2013
quarta-feira, 17 de abril de 2013
nosso
nosso amor
tem quase
o tamanho
inteiro
do seu fio
de cabelo,
uma grafia
no tempo,
crescimento.
o velho e
o novo de
nossas células,
pão dividido
ao meio.
nosso amor
tem quase
uma camada
fina de poeira
que acumulou
na prateleira,
água quente
na chaleira.
tem o tamanho
do grito
do choro,
riso e soluço,
surpreendo-me.
e perco-me
nos sílios
mínimos que
se espalham
por você.
tem quase
o tamanho
inteiro
do seu fio
de cabelo,
uma grafia
no tempo,
crescimento.
o velho e
o novo de
nossas células,
pão dividido
ao meio.
nosso amor
tem quase
uma camada
fina de poeira
que acumulou
na prateleira,
água quente
na chaleira.
tem o tamanho
do grito
do choro,
riso e soluço,
surpreendo-me.
e perco-me
nos sílios
mínimos que
se espalham
por você.
la vie
a vida tem
intervalos curtos
feita de contratempos e
nem percebemos que
a estranha música,
repicada, solta,
tem seu jeito
de fluir.
vai e vem
como o mar
na beira da areia,
chega e volta,
ininterruptamente,
mas sempre lá,
una, imensa,
viva.
intervalos curtos
feita de contratempos e
nem percebemos que
a estranha música,
repicada, solta,
tem seu jeito
de fluir.
vai e vem
como o mar
na beira da areia,
chega e volta,
ininterruptamente,
mas sempre lá,
una, imensa,
viva.
voar
hoje é dia de pipa
o céu tá de brigadeiro
vento sobe seco
a frente fria chegando
ao entardecer tem
ventarada no crepúsculo
o céu tá de brigadeiro
vento sobe seco
a frente fria chegando
ao entardecer tem
ventarada no crepúsculo
quarta-feira, 3 de abril de 2013
amnesonho
faz tempo não sonho
e todo dia ponho
um bocado de lenha
fogo de memória
incêndio pensamento
queimam sonhos
fumaça esquecimento
e todo dia ponho
um bocado de lenha
fogo de memória
incêndio pensamento
queimam sonhos
fumaça esquecimento
quinta-feira, 28 de março de 2013
poemeconomicista
valor do salário desce
a níveis dessalinizantes.
preço das coisas sobe
a alturas estonteantes.
nível de vida despenca,
cai do alto das pontes.
não tem valido a pena,
vivemos pior que antes.
a níveis dessalinizantes.
preço das coisas sobe
a alturas estonteantes.
nível de vida despenca,
cai do alto das pontes.
não tem valido a pena,
vivemos pior que antes.
quinta-feira, 21 de março de 2013
quarta-feira, 20 de março de 2013
alma e sangue
meu sangue negro
pulsou de um jeito tal
que os sentidos e
a pele se fizeram alma
de modo desigual.
senti vibrar energia
coisa que nunca senti
cada ruído gritava
havia alguém em mim
uma coisa imaterial.
a poesia e o verbo
com bebida e tabaco
ritmo e sentimento
me fizeram alter-ego
de outra dimensão.
surtei com palavras
refiz seres já ausentes
trouxe o firmamento
pro agora novamente
meu ser atemporal.
pulsou de um jeito tal
que os sentidos e
a pele se fizeram alma
de modo desigual.
senti vibrar energia
coisa que nunca senti
cada ruído gritava
havia alguém em mim
uma coisa imaterial.
a poesia e o verbo
com bebida e tabaco
ritmo e sentimento
me fizeram alter-ego
de outra dimensão.
surtei com palavras
refiz seres já ausentes
trouxe o firmamento
pro agora novamente
meu ser atemporal.
terça-feira, 19 de março de 2013
renasonhei
duas barrigas e
eu renascia,
mulheres vivas,
só se sorria
que o dia novo
não se sabia.
minh'irmã mãe
grávidas de
mim, eu resurjo
todo de luz
sou o novo filho
do tal Ogum.
eu renascia,
mulheres vivas,
só se sorria
que o dia novo
não se sabia.
minh'irmã mãe
grávidas de
mim, eu resurjo
todo de luz
sou o novo filho
do tal Ogum.
sexta-feira, 15 de março de 2013
domingo, 10 de março de 2013
quarta-feira, 6 de março de 2013
re-flexão
o cinema se parece com sonho,
o teatro, com a realidade:
o cinema dá impressão de real,
o teatro, o põe em xeque.
o teatro, com a realidade:
o cinema dá impressão de real,
o teatro, o põe em xeque.
terça-feira, 5 de março de 2013
domingo, 3 de março de 2013
versátil
com monte
de versinhos
conversei
e aos montes,
com versinhos,
conversamos.
mas antes
de os versinhos
inventarmos,
ventávamos
com versos
e versávamos
as verdades
que ventaram
com versar.
de versinhos
conversei
e aos montes,
com versinhos,
conversamos.
mas antes
de os versinhos
inventarmos,
ventávamos
com versos
e versávamos
as verdades
que ventaram
com versar.
assim fazemos
em cada canto encontra-se tanta arte
que e improvável que ninguém suspeite,
é tanto artista cantando e conspirando
que eu duvido que ninguém me espreite.
criamos sempre, com cuidado e humildes
mesmo mirando bem o verbo e sem exite,
porque um artista que se exibe muito
acaba aos poucos, rouco, louco, enfeite.
qual é a forma certa da mudança
para virada desta forma incerta?
só o fazer responde esta pergunta.
cordel parado nem com feitiço dança.
não tem pincel que viva sem ter tinta,
nem há teatro em que não se faz política.
que e improvável que ninguém suspeite,
é tanto artista cantando e conspirando
que eu duvido que ninguém me espreite.
criamos sempre, com cuidado e humildes
mesmo mirando bem o verbo e sem exite,
porque um artista que se exibe muito
acaba aos poucos, rouco, louco, enfeite.
qual é a forma certa da mudança
para virada desta forma incerta?
só o fazer responde esta pergunta.
cordel parado nem com feitiço dança.
não tem pincel que viva sem ter tinta,
nem há teatro em que não se faz política.
dicas
os sons necessários fazê-los. os insuportáveis,
temê-los. os inevitáveis, gritá-lo. um som, só.
palavras de ordem, sambá-las. o dia da ordem,
combatê-lo. amigos incansáveis, sabê-los. aos
inconformados, juntar-se e os desafinados, re-
gê-los. a embarcação, tomá-la. a caminhada
a pé, andá-la. se for pra chegar, antes. atrasou,
ande. se desistir, repense. se retomar, termine.
tocou, cante. não tem letra, invente. é puro som,
encante.dia nascendo, nasce e o que ia morrendo,
noite.
temê-los. os inevitáveis, gritá-lo. um som, só.
palavras de ordem, sambá-las. o dia da ordem,
combatê-lo. amigos incansáveis, sabê-los. aos
inconformados, juntar-se e os desafinados, re-
gê-los. a embarcação, tomá-la. a caminhada
a pé, andá-la. se for pra chegar, antes. atrasou,
ande. se desistir, repense. se retomar, termine.
tocou, cante. não tem letra, invente. é puro som,
encante.dia nascendo, nasce e o que ia morrendo,
noite.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
sobre vivos
quando eu era
pequeno
os amigos de
meus pais
morriam e eu
achava
um absurdo.
mas cresci e
os amigos
morrem tanto,
descobri:
viver mata e
apenas
sobrevivemos.
pequeno
os amigos de
meus pais
morriam e eu
achava
um absurdo.
mas cresci e
os amigos
morrem tanto,
descobri:
viver mata e
apenas
sobrevivemos.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
caiu um tombo
mixirica
risada toa.
de bola
craque
amizade boa.
inteligência
silêncio tece.
a vida ao
craque
revela a toa.
o menino
nunca distrai.
no passe
o craque
desvia e voa.
o menino
quebra e cai.
a queda
craque
desfaz o voo.
perduro
o chão vence.
o tempo
craque
refaz o choro.
risada toa.
de bola
craque
amizade boa.
inteligência
silêncio tece.
a vida ao
craque
revela a toa.
o menino
nunca distrai.
no passe
o craque
desvia e voa.
o menino
quebra e cai.
a queda
craque
desfaz o voo.
perduro
o chão vence.
o tempo
craque
refaz o choro.
domingo, 17 de fevereiro de 2013
sábado, 16 de fevereiro de 2013
temporais
que horas
são?
qual o tamanho
da vida,
ela diminui
ou não?
ganha-se tempo
de vida?
diminutos
grãos,
inquantificável
matéria.
são?
qual o tamanho
da vida,
ela diminui
ou não?
ganha-se tempo
de vida?
diminutos
grãos,
inquantificável
matéria.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
domingo, 3 de fevereiro de 2013
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
sábado, 12 de janeiro de 2013
por tim tim
a que ponto
chegamos.
fugir pra china
assim?
logo eu que
nunca levei a
sério aprender
mandarim.
Ai de mim,
s o l e t r o tudo
tim tim por
tim tim.
chegamos.
fugir pra china
assim?
logo eu que
nunca levei a
sério aprender
mandarim.
Ai de mim,
s o l e t r o tudo
tim tim por
tim tim.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
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