domingo, 23 de junho de 2013

corriente roja

eu tenho uma
metralhadora
cheia de mágoa,
ex-combatente
na Nicarágua.

que dizer

ninguém me lê.
o que será
que Lênin pode
me dizer?

sábado, 22 de junho de 2013

duvida

como que o amor
pode doer tanto?

condução

no tubo
espero
o bonde
desespero
algo que
responde

bruta dor

acho que a minha dor
bateu no teto do mundo
causou um choque profundo
e desaguou um mar
sobre aquele silêncio lunar 
inundando os homens 
de que é preciso lutar.

pramanhã

a praça
não é
taça de
vinho.

na luta
não há
ninguém
sozinho.

imensa vanguarda

milhões nas ruas
ninguém
lutou lado a lado

quarta-feira, 19 de junho de 2013

marcha venenosa

uma serpente imensa
perdida em um labirinto
de concreto marcha
e cresce a cada esquina.
poderosa envenena o
rumo e desvirtua a rota
sem achar a cabeça
Leviatã do monstro mal.
avança a serpente
ao palácio vazio e encena
um golpe furtivo,
mas no bote morde o rabo.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

nas ruas

isso passa
nada é tão forte
quanto a
força da massa.

criseconômica

pra  depressão
há cura:
uma revolução

agora

estoura uma revolução
e perde o sentido
tudo que parecia são.

domingo, 16 de junho de 2013

de onde vem

surge de repente,
surpreendente
sem avisar,
e a retaguarda
do futuro
mal podia esperar.

são dias de sol,
lá fora a gear.

contradição:
só da noite
o amanhã
pode raiar.

ais

tenho os mesmos ais
que os meus pais
mesmo eles tendo
vivido bem mais
temos couro parecido
padecemos de nunca mais

quarta-feira, 12 de junho de 2013

esgotado

amor não interessa
a dor passa
só nos resta a pressa

terça-feira, 11 de junho de 2013

papo de criança

mãe protestar
é importante?

não.

porque a gente
toda protesta?

não sei.

protesto muda
alguma coisa?

não sei não.

cê s'importa
com protesto?

não.

mãe importar
é importante?

é

e porque você
num s'importa?

juninas

fogo
fumaça
madeiras
na calçada.
gritos
estouros
canções
de algazarra.
lutas
nas ruas
são joão
anti-catraca.

ligeirinho

não a toa
o sentido contrário
da linha é
a santa felicidade,
lado de cá
no bairro tão alto
a felicidade
corre morro abaixo.

sábado, 8 de junho de 2013

turco

cena de livro
se livra
nada é livre

terça-feira, 4 de junho de 2013

vendaval oriental

os  ventos  do  leste
atravessam
as pontes  européias
desenhando
um  martelo sobre a
lua minguante
da rubra bandeira turca

segunda-feira, 3 de junho de 2013

taksim

num instante
istambul
tinha árvores
pessoas e
praças quietas
mas junho
amanheceu em
chamas
são ventos
da primavera

tessituras

a vida disse
que toda dor
que sentisse
uma luva
fina vestisse
pra nem triste
ou feliz ficar
simplesmente
existir.

com essa luva
ela nada sentia
só o volume
lhe invadia,
sequer textura
havia.

não tinha
cheiro nem
nada inteiro
só a plenitude
vulgar de
não doer por
não saber.

plastificada
ficara
sem sabor
ou desejo,
dissolvendo-se
no medo,
sem sono,
sonhos
sem enredo.

mas tirou
a luva e
sentiu o
o acre fino
do olhar,
se deliciou
com a acidez
do veludo
deixou o espinho
rasgar a dor
cicatrizar
sua carcaça
viva.

viveu
sem
luvas.